O Primeiro Contra Mare

Este é o primeiro blog da minha autoria www.fotolog.terra.com.br/contramare, o qual perdi o acesso. Atualmente estou em novo endereço:www.contramare2.blogspot.com

29 abril 2005

Poucas e Boas!

14/04/2005 17:14

Médicos pra quê?
A imagem dos juízes federais só têm piorado. Está claro que eles têm mais poder do que deveriam. Essa notícia da liminar de autoria do Dr. Marcelo Albernaz, impedindo a atuação dos médicos cubanos em Tocantins, foi a pior. Alegando que não havia provas de que eram diplomados, receoso de que se tratavam de curandeiros, ele os impediu de trabalhar.
No mínimo, o juiz não sabe que em Cuba são formados os melhores médicos do mundo. E que agora, 48 cidades de Tocantins não terão nenhum médico a recorrer, a não ser que se desloquem para cidades vizinhas. De duas uma: ou ele é dono de alguma clínica médica particular, ou sócio de alguma empresa de ônibus.
Em tempo: nenhum médico brasileiro quis ao menos concorrer à vaga de médico nestas cidades, mesmo com o salário estimado em R$ 4,5 mil.

Antinepotismo!
A retórica é linda! Nada de empregar familiares sem concurso público! Alguns deputados, não impressionados com a imagem tão desgastada que quase nem reflete mais no espelho, alegam: “Cargos de confiança precisam ser preenchidos por pessoas de nossa confiança”. Tá de sacanagem, né???
Detalhe que o projeto data de 1996 e, só agora, com tantas reivindicações populares via e-mail, está indo à votação. Só para acabar com a empolgação: contratar familiar de colega parlamentar pode, né?

E os EUA vencem mais uma!
Liberdade é o que tem pressa, o resto como saúde, educação, moradia... Ah... Isso não interessa! Com 21 votos a favor, 17 contra e 12 abstenções (vergonhosamente o Brasil respondeu não sei... não tenho opinião formada) Cuba foi condenada por não respeitar os direitos humanos.
Será que eles vão levar a julgamento países que são ‘democráticos’ mas não conseguem oferecer saúde, educação e moradia?

Precisava aquele escândalo?
Sou contra qualquer demonstração de preconceito, mas precisava intimar o jogador argentino no campo? Não podia esperar que descesse para o vestiário? Tem gente que gosta de um showzinho, né? Ainda mais a mídia!
E o pior é ver esta rivalidade ridícula entre o Brasil e a Argentina aumentar. Já ouvi uma senhora comentando: “Esses argentinos pensam que são o quê?”

Um Capitalismo mais Humano ou um Socialismo mais de Mercado

11/04/2005 15:21

Escrevo hoje para indicar a leitura de um artigo: “Um capitalismo mais humano?” de Antônio Inácio Andrioli, doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück – Alemanha.

Eis que a Alemanha é a terceira maior potência do mundo. É um exemplo do sistema liberal de economia – mínima intervenção do Estado frente ao mercado. Quando intercede, é com medidas pró-empresariais – um país que serve de modelo para os preceitos capitalistas e que retrata os prós e contras.

É inegável o avanço da tecnologia, da qualidade de vida, das descobertas da ciência. Nem cogito como seria nossa vida sem tais conquistas. Porém, cabe aqui a reflexão: qual é o preço que pagamos por esses avanços? A resposta está neste artigo, mas eis que adianto algumas partes:

“Na Alemanha atual, com o aumento da taxa de lucros contrastando com o aumento do desemprego e da pobreza, vários políticos estão indo para a ofensiva apelando para uma “responsabilidade social e moral” das empresas. O apelo vai no sentido de que empresas que apresentam um extraordinário crescimento na taxa de lucros devam investir na geração de novos empregos.”

“O aumento na taxa de lucro do conjunto das empresas alemãs em 2004 foi na ordem de 10,7%, havendo casos extremos onde o crescimento atingiu 70%, enquanto os salários brutos dos trabalhadores alemães atingiram um crescimento de 0,1% no mesmo período.”

“O Estado foi diminuído e os trabalhadores estão se submetendo a trabalhar mais tempo sem receber uma proporcional remuneração para isso. O desemprego, afinal de contas, sequer é um problema para estes capitalistas, pois, havendo maior oferta de trabalhadores, maior será a pressão para baixar salários.”

Eis minhas reflexões: esses dias, vi adentrar no ônibus um garoto carregando uma caixa de engraxar sapatos. Meu pai, em sua infância, trabalhou assim para ajudar seus pais e os oito irmãos. Cresceu, estudou apesar de não ter diploma superior, tem sua casa, duas famílias... Constituiu vida. Será que esse garoto terá as mesmas oportunidades? Se em um momento ele hesitar, desistir e optar pelo roubo, tráfico, ou algo parecido... A culpa é dele ou da sociedade?

Eu, recém formada – graças à brecha conquistada com a bolsa de estudos resultante da atuação esportiva em instituição privada – que trabalho além das oito horas diárias, sem carteira profissional, férias ou 13º salário, ganhando o triplo do que o salário mínimo mas ainda tenho de aceitar a oportunidade de um segundo emprego para tentar costurar meu pé de meia. Que estou cursando pós-graduação graças à rara mentalidade de um chefe que considera importante a especialização de um funcionário. Indago: tenho futuro? Estarei desempregada daqui a alguns meses? Conseguirei comprar uma casa? Terei o privilégio, algum dia, em ter férias sem ser descontada na folha de pagamento?

O que pensar daqueles bem menos privilegiados do que eu - maioria no mundo - e que nem sabe direito o que é educação, família, habitação, saúde, comida... Será que alguém ainda acredita que na cadeia estão os maus e que no poder estão os bons?

Em favor da democracia ou das almas condenadas

08/04/2005 11:54

Quando a América ainda não existia no imaginário da humanidade, Portugal e Espanha avançavam tecnologicamente em busca de uma rota para as Índias via mar Atlântico. A passagem que ligava a Península Ibérica, cortando a Europa rumo à Ásia fora dominado pelos muçulmanos com a tomada de Constantinopla.

Portugal, bem mais avançado nos conhecimentos marítimos do que seu adversário espanhol, conseguiu contornar o continente africano e fazer do Oceano Índico sua rota rumo às especiarias na Índia.

Já a Espanha, desprovida de tamanho conhecimento, chegou à América imaginando se tratar da Índia. Na teoria, teria dado certo, se entre o continente europeu e o asiático não existisse o nosso imenso continente americano.

Naquela época, qualquer novo território descoberto já era dado, automaticamente, como propriedade dos católicos portugueses ou espanhóis. A justificativa era a salvação das almas nativas, que por não conhecerem os preceitos católicos estariam condenadas.

Eis então que fomos cristianizados. O povo indígena foi exterminado, dominado e explorado, tanto na região agora portuguesa quanto à destinada aos espanhóis pelo Tratado de Tordesilhas. Mas não antes que descobrissem neste continente as suas riquezas. Por isso o sucesso de Portugal na exploração da Índia e, só depois, a ascensão da Espanha ao se beneficiar com a aquisição dos bens astecas e maias.

Hoje, os motivos mudaram. Ao invés da salvação das almas, trata-se de levar democracia às ditaduras. Os objetivos são os mesmos, as justificativas são outras. Dentre tantas ações norte-americanas nos mais diversos países, como na própria América Latina com o plano Condor, cito a mais conhecida.

A intervenção no Iraque. O povo ‘precisava e ansiava’ por democracia. Hoje o que vemos é uma guerra civil, com os iraquianos se rebelando contra a invasão de suas terras e propriedades. Tudo em troca de uma democracia.

Em Genebra está sendo realizada a Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, a conhecida ONU, criada pela superpotência norte-americana, a mesma que a ignorou ao ocupar o Iraque (como um filho ousa desobedecer seu próprio pai?).

Nesta Comissão, a grande questão é Cuba, devido à preocupação de Bush e comitiva com a falta de liberdade na Ilha. A justificativa: "A situação em Cuba é muito ruim. Há muita gente sofrendo no país caribenho, assim como muitos prisioneiros políticos e ausência de liberdades fundamentais, como a de expressão”.

Como denunciam intelectuais do mundo inteiro, a escolha do tema ‘liberdade’ é a busca estadunidense por uma justificativa ao bloqueio econômico e às agressões que, violando o direito internacional, exerce a maior superpotência contra Cuba.

A ausência de liberdade é a grande preocupação de Bush. Será a mesma dos próprios cubanos regidos por Fidel ou dos iraquianos quando sob regime de Saddam? Primeiro que há uma enorme diferença entre ambos ‘ditadores’. Fidel, ao contrário do que a tendencionista Forbes divulgara, não acumula riqueza como Saddam (a revista que se baseara ano passado no PIB cubano para calcular os dividendos de seu dirigente, neste ano se baseara nos ativos estatais.

Segundo que a realidade dentre Cuba e Iraque são bem diferentes. O incrível é encontrarmos nessa Cuba ditatorial os melhores índices dentre todos os países na América no que diz respeito à saúde e educação. Nós, que vivemos em um país democrático, não temos acesso ao que é prioritário a qualquer ser humano, a não ser que busquemos os meios privados. Em compensação, temos o direito de votar em nossos queridos deputados, que dentre as principais medidas, optam pelo aumento dos seus salários.

Não vou delongar em defesa de Cuba, até mesmo porque, a desinformação promovida em torno deste país é imensa. Só gostaria de lembrar que seja sobre o apelo de salvar almas do inferno, ou libertá-las para a democracia, o intuito sempre foi o mesmo: poder.

Passeata a favor da Reforma Universitária - HOJE!!!

06/04/2005 08:42

Hoje é um dia especial. Acabei de chegar no trabalho e, como de costume, chequei meus e-mails, os acessos e posts neste blog (que estão melhores do que imaginava) e, posteriormente, uma navegada na internet para verificar as notícias do dia.
Lógico que nada da grande mídia. O primeiro site que abri foi o Vermelho. Nele já encontrei vontade de escrever um novo artigo, apesar do Papa ainda estar recente.

Juro que me arrepiei depois que li a notícia: “Estudantes ocupam as ruas hoje em defesa da reforma universitária”. Que vontade de abandonar os compromissos aqui no trabalho e me juntar à manifestação marcada na capital paulista, às 10h em frente ao MASP.

A partir deste exato momento, vou torcer para que muitos estudantes se unam a esta passeata, que requer a aprovação da Reforma, mas que também reivindicam avanços em questões pontuais, como uma nova lei de mensalidades para o ensino privado, criação de um plano nacional de assistência estudantil e expansão de vagas no ensino público no período noturno, dentre outras coisas.

Considero esta manifestação essencial para a aprovação do projeto na Câmara, para que aqueles nobres deputados sintam as pressões populares mais fortes do que a de uma minoria que não quer ver seus privilégios contrariados, mesmo que em favor de um plano de educação melhor para o Brasil. (o quê eles teriam a ver com isso???, né)
Só para desencargo de consciência, vamos ver o que a grande mídia publica hoje sobre o assunto:

Folhaonline
Nenhuma chamada sobre o assunto.

Estadão
Nenhuma chamada sobre o assunto.

Diário do Grande ABC
Nenhuma chamada sobre o assunto.

UOL
Nenhuma chamada sobre o assunto.

Terra
Nenhuma chamada sobre o assunto.

É... Acho que não é perseguição minha, né? Pra quê anunciar que vai ter passeata? Isso não é bom pra democracia, nem tão importante quanto... Deixa eu pegar as principais notícias:

Severino quer controle de beijo homossexual na TV (Terra)
Filas para ver Papa dobram de tamanho no Vaticano (UOL)
Morre aos 81 anos o príncipe Rainier 3º (UOL)
Comitiva de Lula no enterro (Papa) inclui sete nomes (Folhaonline)
Um milhão de pessoas já se despediram do Papa (Estado)

Encerro este artigo com as palavras do presidente da UNE, Gustavo Petta: “"As manifestações visam se contrapor à reação conservadora ao projeto, sobretudo daqueles setores ligados ao ensino privado, que no momento buscam garantir a manutenção de seus privilégios em detrimento do sentido regulatório expresso no anteprojeto de reforma".

Difícil acreditar na nobreza dos homens

04/04/2005 17:49

Quanto mais aprendo, mais difícil fica acreditar em alguma religião. Alguns se rendem à dura realidade que a história revela e deixam de crer no ser Divino. Estão demasiadamente desiludidos com os atos ‘humanos’. Manipulação, coerção, desinformação... Tudo em troca do poder e da riqueza. Da manutenção de um modelo desigual e desumano.

Quanto mais pobre, maior a devoção – como nas cenas do filme Central do Brasil. Aí você analisa as pregações, os cultos, o evangelho. Palavras de consolo que remetem ao conformismo.

Entre os católicos, a ajuda de santos e anjos para garantir um espaço no céu. Entre os evangélicos, a fervorosa devoção a Jesus, com seus cultos inflamados e o eterno objetivo de conquistar mais fiéis, porque mil cairão à sua direita e outros mil à esquerda (sei que não é assim, mas é parecido. E não sei em que lugar está na Bíblia). Dentre os espíritas, o consolo que pagamos por um ato cometido no passado. É simples. Se você é pobre, é porque foi muito rico e ganancioso. Se ficou paraplégico é porque atropelara alguém e não prestara socorro.

Imagino que se nesses encontros, ao invés da garantia aos céus, ou de uma vida melhor na terra em troca de um bom comportamento (não matarás, não roubarás, não trairás) ensinassem como funciona o mundo. Aulas de sociologia, história e filosofia, por que não?

Sabemos a resposta. Porque estaríamos contribuindo para a evolução do macaco e não da punição que Adão e Eva mereceram. Imaginem se os pobres que mal têm recursos para se alimentar, e que ainda encontram na Igreja palavras de consolo, ao invés do conformismo quisessem conquistar seus direitos?

Imagino que Deus e sua família realmente existam. Mas que a mão do homem escreveu a sua história. Mãos que podem colher moedas de ouro ou trocados conquistados a muito suor.

Empresas falem, comércios fecham... A única instituição que não pára de crescer é a Igreja. E não são construções simples e discretas, são Torres de Babel, com faixas anunciando horários de cultos, vendendo não mais um pedacinho do céu, mas a felicidade imediata na terra, já que ninguém agüenta sofrer mais.

Os exemplos são muitos e nem precisam ser os mais extremos. Só queria fazer uma pergunta: quem aqui não peca? Uma fofoquinha, um olhar invejoso, uma noite de orgia ou a ausência no culto ou missa de domingo? E por causa disso iremos para o inferno, arder eternamente em seu fogo com micróbios comendo nossas tripas. E esqueçam: podem clamar, chorar, gritar! Jesus vai ignorar suas súplicas. Você não fez por merecer enquanto vivo.

Poderia citar o direcionamento que Frei Betto e alguns companheiros quiseram dar à Igreja no tempo da Ditadura Militar. Essa religião, enraizada nas questões sociais, ou aquela, praticada pela Irmã Dorothy, assassinada pelos latifundiários e grileiros, dentre tantas outras que mal aparecem em nossa história. Que são sufocadas pelas mais pomposas, como o triste falecimento do Papa. Papa que posou ao lado de Pinochet na ditadura chilena, que afastou aqueles que atentavam aos pobres e oprimidos em detrimento dos interesses latifundiários. Que ainda persiste com suas proibições à pílula anticoncepcional, à camisinha, ao aborto mesmo que em caso de estupro.

Sinceramente, apesar de batizada e crismada, não tenho religião. Não vou à missa aos domingos ouvir sobre penitências, penalidades, ou meu passaporte para o inferno, mesmo sabendo que não sou má apesar dos pecados que cometo. Parei de ler a Bíblia ao ver a mulher sendo designada a um papel secundário, de suporte ao marido.

Prefiro continuar lendo, pesquisando, estudando. Prefiro levar o espírito de inquietação ao de submissão. Prefiro acreditar em Deus e com ele conversar sem intermédio de orações decoradas ou conforme terceiros estipulam. Sou extremamente privilegiada para questionar sua existência. Mas também atribuo minhas conquistas à força de vontade que possuo dentro de mim. Quem sabe graças à Sua benção, ou por eu saber que nada cai do céu.

Agora eles tentam posar de bonzinhos

31/03/2005 08:24

Incrível vê-los na televisão, anunciando que são contra o aumento de impostos, "que a Câmara dos Deputados já deu demonstrações que não vai aceitar, de forma alguma, aumento na carga tributária". Não sei se perceberam, mas a população está ficando mais consciente da realidade, do verdadeiro 'papel' de vocês, nobres deputados.

Também sou contra o aumento de impostos, mas pelo amor de Deus! Com o salário que vocês ganham, benefícios etc e tal, fica difícil ter da onde tirar dinheiro na hora de defender os interesses da população. (Isso que não são apenas vocês. O povo tem de sustentar uma infinidade de marmanjões no poder).

É uma pena perceber que o real interesse em construir um País melhor fique em segundo plano, enquanto vocês, nobríssimos, nesta disputa de poder e vaidades, atolam nosso país.

É uma pena perceber que esqueceram para quê foram eleitos. Vocês são - enquanto no poder - apenas mais alguns parafusos ajustados para que a máquina continue ‘funcionando’. Triste esse 'mais do mesmo', frente ao que poderiam fazer, dando um pouco de sentido aos milhares de votos que receberam.

Este foi o e-mail que enviei aos deputados via o site Um Brasil Melhor. Se eles o lerão, eu não sei. Se este e-mail despertará uma ínfima grama de peso na consciência deles, muito duvido.

Voltando ao assunto da regulação da carga tributária. A questão é o seguinte: esta medida provisória que não foi aprovada divide-se em duas partes. A primeira é sobre o reajuste em 10% do Imposto de Renda da Pessoa Física, em vigor desde o início do ano. Do outro lado está a necessidade do ajuste fiscal, da compensação das perdas originadas desse reajuste, com o aumento de 32% para 40% da base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica.

O que isso significa: as perdas do governo na arrecadação através do imposto sobre a pessoa física (cidadãos) teriam de ser compensadas com o aumento dos tributos das empresas da área de serviços, profissionais liberais e agricultores. Diminuir um lado sem aumentar do outro é desequilíbrio na balança. Então esse aumento virá, a diferença é que será analisado, novamente, qual o setor que pode vir a ser menos prejudicado.

Aí você ouve um representante do PFL, herdeiro de fortuna, educação e sangue do que ninguém menos que Antônio Carlos Magallhães, pronunciar que eles tinham o dever de “preservar os direitos da classe média”.

Eu sou contra tão pesada carga tributária existente no Brasil. É quase 40% sobre tudo o que se produz. Infelizmente, não há como diminuir os impostos sem antes conter os gastos, principalmente os direcionados para manutenção do Estado. Por isso minha revolta. O cara posa de bom moço frente às câmaras, mas na hora de garantir todos os seus privilégios, não hesita nem um minuto.

É evidente que toda essa pose da câmara, dos ditos ‘oposição’ ao governo, são artimanhas visando a campanha presidencial de 2006. O país parou. O que importa não é a evolução deste, mas a disputa pelo poder. Outro exemplo é o tamanho retrocesso em termos na presidência da câmara uma pessoa como Seu Severino, eleito graças ao interesse do PSDB em tumultuar o atual governo e preparar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso, que já anunciara: “Só concorrerei às eleições se o mercado não estiver favorável”. Será que ninguém pensa um pouquinho sequer no bem do nosso País?

Só para relembrar: os deputados e a tentativa de aumentar seus salários (de R$ 12,8 mil para R$ 21,5 mil) e a conquista do aumento da verba de gabinete, de R$ 35,5 mil para R$ 44,1 mil.

Dados:
De 2001 para 2004, o orçamento total da Câmara dos Deputados pulou de R$ 1,47 bilhão para R$ 2,25 bilhões, gasto praticamente igual ao executado no mesmo ano pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, encarregado de fazer a reforma agrária no país. Para ler mais clique aqui.

Globalização: a lei em que os mais fortes sobrevivem

24/03/2005 10:53

Ontem assisti a uma matéria no Jornal da Globo que me deixou impressionada. Tratava-se sobre a migração de maranhenses para o norte do Mato Grosso em busca de trabalho.

Essa matéria retratou vários aspectos deficientes da nossa sociedade. O mais gritante: essas pessoas que saíram de suas casas em busca de uma oportunidade em outro Estado são agricultores, pessoas humildes, que não estudaram e, por tanto, são chamados de mão de obra não-especializada.

Acontece que no ano passado, a Globo divulgou uma matéria mostrando que esta região do Mato Grosso era o novo pólo de oportunidades de emprego. Inclusive, este contexto foi apresentado na matéria de ontem, com entrevistados comemorando o fato de estarem ganhando entre oito e dez mil reais (um vendedor de trator e um médico foram os exemplos).

A realidade desta região é o agronegócio. Grandes produções, necessidade de mão de obra especializada, pouca oferta de emprego. Eis o que tantos agricultores se deparam ao desembarcarem em cidades como Lucas do Rio Verde e Sorriso.

É uma triste realidade que reina em quase todo o mundo. Primeiro que, apesar da crescente das exportações, isso não resulta no aumento das oportunidades de emprego. Na competitividade dos preços internacionais, vence aqueles que investem em maquinário e tecnologia. Por isso o incentivo ao agronegócio.

Agora imaginem esta realidade no Brasil. O número de desempregados em uma crescente. Esses maranhenses, para terem preferido saírem das suas casas, de perto das suas famílias, não foi para trocar seis por meia dúzia. Foi em busca de alguma mínima oportunidade. “Vim para conseguir ganhar dinheiro e dar a oportunidade aos meus filhos de estudarem”, afirmou um dos migrantes.

O que acontece nestas cidades pode ser sentido em outros lugares. A migração interna, dentro do Brasil, à procura de oportunidades, é uma realidade. A capital paulista recebe diariamente um universo de pessoas que ainda buscam oportunidades aqui. Chegam, ficam em albergues – isso quando há vagas – ou pernoitam na rodoviária até conseguirem juntar dinheiro para a compra de uma passagem para outro lugar.

Isso é o que está acontecendo no norte do Mato Grosso também. A reportagem mostrou, apesar que de forma maquiada, um absurdo. A prefeitura interditou um albergue que alojava esses migrantes enquanto não encontravam emprego. Motivo: falta de higiene. Isso é motivo??? Melhor deixa-los então na rua do que gastar um pouquinho para melhorar o lugar?

Lógico que não fariam isso. Não é do interesse deles que essas pessoas fiquem. Eles querem que vão embora. Pra onde não lhes interessa, de preferência para casa, mesmo que estejam passando fome. Inclusive, a prefeitura está pagando a passagem do retorno para casa.

Ai fica a questão. A realidade é essa. Essas pessoas estão em busca de emprego, de oportunidade, de conseguirem viver sem passar fome. Não são vagabundos, desocupados, desordeiros... Acontece que a agricultura de subsistência não rende, não dá lucro, e não tem como competir com o agronegócio. Quem puder associar esta realidade aos que integram o MST, parabéns. Nossa elite burra se conseguir entender a importância da reforma agrária, milagre. Ou eles deveriam ficar no conformismo. Nasceram pobres e morrerão de fome. Melhor porque assim diminui o número de desempregados, a violência e melhora os índices brasileiros.

Uma Onda Contra a Maré

15/03/2005 14:39

Fim de uma segunda-feira. Em pé, após entrar na estação Sé de Metrô, ouço o som de um violão dando os acordes inconfundíveis de um dos sucessos de Legião Urbana. Uma voz rouca entoa: “Todos os dias, antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia... Sempre em frente...”. Peço licença a outras faces cansadas em busca da natureza deste som.

Eis que encontro um jovem trajando calças e camiseta largas. Sandália no pé, cabelos longos e enrolados amarrados displicentemente. O violão nos braços o impede de segurar nas barras do vagão. O jeito é tocar enquanto se equilibra entre alguns passos contrários às brecadas do metrô.

Os olhares ao redor são desconfiados. “O que leva um cara a fazer isso?”, me pergunto, mesmo gostando da novidade. O intuito de me entregar ao prazer individual da leitura durante os trinta minutos de viagem são trocados por um momento compartilhado de alegria.

O metrô pára. O intérprete de Renato Russo pausa para desejar: “Boa Noite para os que vão, boa noite para os que ficam”. Retorna com uma música que dialoga com a noite quente e chuvosa. “Moro, em um país tropical, abençoado por Deus...”
Estação Paraíso. Mais pessoas no vagão. O cantor se explica: “Desculpa aos incomodados, obrigado aos que estão gostando. Vim aqui tocar violão em troca de uma colaboração. Enquanto minha mulher trabalha fichada, eu, avesso a isso e desempregado, preciso arrumar um jeito de ajudar em casa, senão ela me bota pra fora”.

Tantos ouvidos, obrigados diariamente a ouvir pedidos de ‘colaborações’, parecem gostar da proposta. Um coro baixo, meio tímido, junta-se ao do cantor. Sorrisos dialogam entre os que antes nem um olhar haviam trocado. Trocados chegam até o cantor, que enche os bolsos de alegria.

Eis que um rapaz pede: “Canta uma do Raul”. Entusiasmado, ele corresponde: “Esta é uma das que eu mais gosto: ôô seu moço do disco voador, me leve com você, pra onde você for...”. Após a cantoria, solicita: “Uma salva de palmas para a minha cara de pau”. É correspondido com entusiasmo.

Enquanto nos aproximávamos da última estação, comecei a refletir sobre aquele momento que nunca mais sairia da minha cabeça, pois sabe-se lá quando e se o encontraria novamente. Imaginei um cantor em cada vagão, diariamente, cantando ao vivo a todos os presentes. Imaginei vários deles disputando as ondas sonoras e os trocados no mesmo lugar. Imaginei que, apesar de nenhuma lei vetar o que ninguém havia imaginado até então, os funcionários do metrô possivelmente o proibirão de cantar. Olhei ao meu redor e notei que a novidade foi bem aceita. Que ao contrário da realidade de todos os dias, quando nos ignoramos apesar de sentados ora bem ao lado de outros desconhecidos, ora bem em frente aos seus rostos, desta vez compartilhamos um momento coletivo.

Jabaquara. Um rapaz de camisa e calça social lamenta: “Amanhã vou sair mais tarde do trabalho, acho que você não vai estar”. Ele, animado, responde: “O certo era eu fazer mais uma viagem, mas com essa chuva, eu vou pra casa. Se ela me pega, meu violão está sem capa”, e emenda: “Alguém tem um cigarro? Esse vício ainda me mata...”.

Reforma Universitária. Não seja enganado, ela é boa para o Brasil

08/03/2005 15:29

O governo federal está com uma proposta de reforma universitária que contraria grande parte dos interesses do terceiro mercado mais lucrativo do Brasil: o universitário. Por isso que muita desinformação gira em torno deste assunto. Desde o duplo mandato dos tucanos, houve uma desenfreada geração de novas instituições privadas e nenhuma fonte reguladora que garantisse a qualidade do ensino. Eis porque alguns estão a rejeitar o projeto. É a morte da galinha dos ovos de ouro.

Mas, aprovar este projeto sem alterações é tarefa quase impossível. Ele precisará passar pelo crivo do Congresso que, por sua vez, está mais que comprometido com estas instituições privadas. (Fala-se em financiamento de campanhas eleitorais e uma tal de ‘Bancada da Educação'.

A Reforma Universitária foi o tema do programa Roda Viva, transmitido pela Tevê Cultura na noite do dia 07. O Ministro da Educação Tarso Genro respondeu a perguntas mais que pertinentes, elucidando muitas das dúvidas propostas. Eis alguns itens:
O governo quer ampliar a verba advinda do MEC para as universidades públicas de 63 para 75%. Este orçamento não poderá ser cortado de um ano para o outro, mas poderá ser diminuído ou aumentado para cada entidade, o que vem a depender da produtividade e qualidade de ensino.

A pergunta mais pertinente foi: de onde o governo irá tirar essa verba, visto a política econômica dirigida pelo Ministro Palocci. Tarso Genro enfatizou que um País que tem cumprido suas obrigações financeiras exemplarmente está hábil para financiar um investimento desta grandeza, visto que a melhoria da educação é uma das prioridades do governo Lula.

A questão das cotas: 50% das vagas das universidades públicas deverão ser preenchidas por alunos advindos das escolas públicas, além da atenção especial para os negros e índios. As entidades filantrópicas deverão destinar 20% das suas vagas e as privadas 10% através de incentivo fiscal.

O governo visa também impor critérios mais rígidos para credenciamento de novos cursos, visando assim impedir o ensino com fins exclusivamente mercadológicos. (Eis um dos pontos que provavelmente será mais combatido quando em votação no Congresso).
Tarso Genro enfatizou que pela Constituição, é permitido que interesses privativos vinculem a educação a fins lucrativos, mas que o Governo considera esta um bem público. Que esta reforma é o passo inicial de um processo que deverá levar alguns anos para melhorar o acesso a um ensino superior de qualidade.

No projeto de Reforma, cita-se a implementação de um Conselho Comunitário, a fim de criar uma melhor comunicação entre a universidade e a sociedade. O governo sugere que representantes de diferentes setores sejam convocados, desde empresários a membros do Movimento dos Sem Terra. Tarso Genro enfatizou que não será imposto quem deverá formá-lo. Isto deverá ser escolhido pela universidade - algumas poderão, por exemplo, formar o Conselho com representantes da direita, outras com apenas da esquerda.

Um item que gerou polêmica na entrevista foi a ausência, segundo uma das entrevistadoras da Tevê Cultura, da diversificação do ensino superior, no caso, se além do modelo universitário o projeto incentiva a criação de cursos profissionalizantes, com menor duração, para a elevação do número de alunos pretendido pelo governo. Apesar de afirmar que sim, Tarso Genro não respondeu bem a esta pergunta.

É válido lembrar que a educação é primordial para a evolução de qualquer país. Basta lembrar que a melhor forma de manter o povo sob controle é mantê-lo ignorante. Por isso ressalto àqueles que estão a buscar barreiras ou detalhes não tão significantes quanto à possibilidade de ingressar cada vez mais estudantes a um ensino especializado e de qualidade.

Qualquer cidadão pode opinar sobre o novo projeto, que sofrerá alterações até junho, quando está prevista sua votação na Câmara.

Imprensa ou empresas de comunicação?

04/03/2005 16:26

“Já que é ignorada, cheia de escândalos e agora corrompida, para que serve a mídia americana convencional?” questiona Paul Harris em artigo do The Observer, ao referir-se sobre as bombas que têm explodido em terreno norte-americano nos últimos anos.

Para Bush Júnior, infelizmente, essas bombas não são no sentido literal, já que assim teria mais motivos para manter sua política econômica contra o ‘eixo do mal’ – alguém duvida que ele ora por isso todas as manhãs? - . As bombas referem-se às constantes denúncias e comprovações das intervenções do governo na mídia norte-americana.

Fim de janeiro, o escândalo com um jornalista que, durante dois anos, participou das raras entrevistas coletivas concedidas pelo presidente norte-americano. ‘Jeff’, como carinhosamente era citado - inclusive por Bush - é garoto de programa e está ligado a sites homossexuais.

Calma, não se trata de um caso Mônica Lewinsky gay. O fato é que Jeff nem jornalista era e, o site para o qual dizia trabalhar, nem leitores tem. O engraçado é que ele se sentava lado a lado dos repórteres mais conceituados do País e sempre era escolhido para fazer suas perguntas. Agora pense se você tivesse essas oportunidades, quais seriam suas indagações? Pois bem, Jeff passava bem longe dessas cabeludas. Ele não perdia a chance de elogiar o governo Bush e oferecer a este a oportunidade de se auto elogiar ainda mais.

Este é apenas um dos tiros que têm saído pela culatra. Diversos outros casos que comprovam a intervenção do governo na mídia já foram comprovados: suborno a jornalistas, vídeos promocionais transmitidos por centenas de emissoras, pessoas contratadas em talk shows... Com certeza, este é um governo que reconhece o poder dos veículos de comunicação.

Outro presidente que também reconhece o poder da mídia é o venezuelano Hugo Chávez. Este, não por investir o dinheiro público para manipular a opinião pública, mas por ser o alvo de constantes ataques. Desde quando tomou posse em 1998, tem contrariado os interesses de uma minoria que dentre abastadas posses, é dona dos principais veículos de comunicação.

Eis que indago aos leitores brasileiros: vocês acreditam no que lêem? Acreditam em um jornalismo isento, imparcial, independente? E se eu ressaltar que a maioria dos veículos enfrentam dificuldades financeiras – para não falar que devem até as calças -. Que no governo FHC, este criou uma emenda viabilizando o investimento externo de até 30% nestas empresas de comunicação, o que ajudou o quesito financeiro, mas comprometeu ainda mais a independência editorial?

Agora faço outra pergunta: por que a mídia não seria conivente com FHC durante os oito anos de mandato? Além de ter ajudado os veículos de comunicação, realizou uma política estritamente neoliberal, defendendo os interesses de uma minoria poderosa, assim como Bush.

Por isso, fica o aviso. Duvidem, questionem e, principalmente, atentem para os que são alvejados e criticados. Televisão, jornais, revistas, geralmente os maiores, defendem os interesses de quem? Qual é o conteúdo de suas matérias? Por que não mudar o hábito? As invés dos conglomerados, busque fontes alternativas de informação. Na internet, listo alguns sites alternativos. Boa leitura!

Revista NOVAE
Mídia Independente
O Debatedouro
Carta Capital
Diário Vermelho
CUT
Espaço Acadêmico
Clube Mundo

A Senhora de Todos os Dias

23/02/2005 17:43

Domingo sai com duas amigas para um barzinho, com o intuito de conhecer gente nova, sair de casa, bater-papo. A conversa tomou rumo sobre o casamento da Cicarelli e Ronaldinho, que nada tinha aparecido no Pânico na TV, a não ser um cachorro que teria entrado no evento com uma câmera. Não entendi direito.

Terça-feira à noite fui à casa de amigas participar de uma rodada de cachorro-quente. Televisão ligada: Big Brother Brasil. Pelo que entendi, um grupo era do bem, outro do mal. Representantes dos dois lados no paredão. Uma garota morena foi rejeitada por mais de 80% de votos. Comemoração na sala: “Vem, vem, Natália vem!”.

Enquanto isso, leio nos jornais a vitória de Severino Cavalcanti para a presidência da câmara. Este sim cumpre promessas de campanha. Vai aumentar o salário dos deputados. Sem contar a briga pelo poder nos bastidores. O candidato vencera o segundo turno por ter negociado com o PSDB apoio incondicional nas eleições presidenciais de 2006. Mas, Fernando Henrique Cardoso já alerta: “Só concorrerei se a situação do Brasil não estiver boa”. Interpretem: “Mercado: espantem todos, preciso de você!”.

Sem contar que o tal Severino – contra o casamento homossexual, aborto mesmo se comprovado estupro ou risco de vida para a mãe ou o feto – já prometeu: “Meu apoio ao governo Lula dependerá de como ele vai tratar o PP”. Interpretem: “Quero meus partidários no ministério!!!”

Em um jornal regional (Diário do Grande ABC), leio matéria sobre vereadores de Mauá que recebem R$ 1,35 mil mensais como auxílio moradia, apesar do aluguel de uma casa com três dormitórios em um dos bairros mais caros custar R$ 650,00.

Aí me pergunto: “Cadê as manifestações populares?”. “Não haverá passeata?”. Venho, escrevo no meu blog, espalho a notícia em algumas comunidades do orkut e, não suficiente, entro em vários sites procurando alguma mobilização popular. Nada encontro. Sei que não estou sozinha, mas são tão poucas vozes que ecoam indignadas com a nossa realidade!

Lembro que vivemos em uma democracia. Que somos nós, ‘cidadãos’, que elegemos nossos representantes. Argumento de muitos que condenam Cuba pela ditadura vivida. Mas espera um pouco. Que tipo de democracia é esta? Mais de 16 milhões de brasileiros são analfabetos. 33 milhões são os ditos analfabetos funcionais, que não conseguem entender o que lêem. E sem contar a grande parte que até sabe ler, escrever, mas prefere ver tevê a ler um livro. Que quando lê, acredita piamente no que a mídia informa. Um país que tem como a revista mais vendida a elitista VEJA.

Milhões de desempregados, filas nos hospitais públicos, planos de saúde falidos, um Fundo Monetário Internacional sugando os recursos de países pobres que precisam investir em educação e saúde e os repassando para um mercado-vampiro, sedento por novas vítimas, já que pouco sangue resta no corpo destes miseráveis.

Mas e daí? Vou é pro estádio torcer pelo meu time, que paga milhões no passe de novos jogadores com dinheiro que precisa ser lavado. Vou ficar sentada em frente à televisão, torcendo por personagens que eu nem mesmo conheço. Sonhar com o dia em que o destino sorrirá para mim com um aumento do meu salário, assim poderei gastar mais com baladas, roupas, telefone e, quem sabe um dia, ficar rica? Vai que eu ganho na Mega Sena???

Os segredos para se manter o sistema

21/02/2005 15:10

Na semana passada, comprei o exemplar de fevereiro da revista Caros Amigos. Nesta, encontrei um texto que retrata perfeitamente o que penso sobre o sistema. Segue abaixo o artigo “A Idéia”, de César Cardoso.

- Eu tenho uma idéia. Vamos fazer um país, mas um país novo, partindo do zero. Bota aí uns 200 milhões de pessoas.
- Mas é gente demais, não é não?
- Ta bom, 180 milhões e não se fala mais nisso.
- Sei não. Vem cá, pra começar, como é que você vai arranjar trabalho pra essa gente toda?
- Não vai ter.
- Ué, não?
- Não. É bom que não tenha. Tendo mais gente que trabalho você paga pouco a quem trabalha.
- Mas eles vão trabalhar em quê?
- Nas empresas, é claro.
- Claro? Pra mim ta escuro! Bota ai metade deles trabalhando, já são 90 milhões. Como que você vai fazer empresa pra essa gente toda?
- Nós não vamos fazer empresa nenhuma.
Vamos trazer as empresas de fora, que já estão prontas.
- E a troco de que elas vão topar vir pra cá?
- A troco não, a dinheiro graúdo, o dinheiro que eles vão economizar pagando muito pouquinho aos 90 milhões. Além do monte de matéria-prima novinha em folha que a gente vai dar pra eles.
- Vem cá, você não acha que os 90 milhões que trabalham e ganham miséria vão acabar chiando?
- Acho. Mas ai a gente pega dois milhões deles e faz com que fiquem milionários, com um vidão de primeiro mundo pra nenhum botar defeito.
- Você é doido! Os outros vão morrer de inveja!
- Lógico, a idéia é essa. A inveja é a filha mais nova e mais gostosa do desejo. A gente bola uns anúncios dizendo, melhor, prometendo que esse desejo está ao alcance de qualquer um.
- E eles vão acreditar?
- E quem é que não acredita num anúncio bem-feito, com calda escorrendo e a mulher mais linda dizendo que você é o tal?
- Mas os outros 90 milhões? Esses não vão acreditar nem em anúncio bem-feito.
- Claro que acreditam, esses aí são muito mais fáceis de enganar. Eles nem foram à escola!
- Não?
- Claro que não. Se não tem emprego pra eles, pra que vai ter escola?
- Mas é tão bacana ir à escola!
- E você acha bacana ter 90 milhões de pessoas espertas, esclarecidas e sem nada pra fazer?
- É, não é uma boa idéia não. Mas eu acho que mesmo assim eles vão aprontar.
- Vão, com certeza vão. Tem gente que vai roubar, tem gente que vai matar.
- E ai?
- Ai a gente diz que a culpa é deles. Se tem 90 milhões que estudam e se matam pra ter um pouquinhozinho de dignidade por que os outros 90 milhões são desempregados? Porque não querem nada com o batente.
- Mas eles não têm emprego nem que queiram.
- Mas, se você contar isso pra eles, meu amigo, eu sinto muito, mas vou te prender e te chamar de terrorista.
- Ai eu já sei, mesmo sendo teu melhor amigo, você acaba com a minha raça.
- Eu? Não toco em um fio de cabelo seu. Deixo você fugir a anuncio que o terrorista perigoso, uma ameaça às famílias, está solto!
- Pó, eles vão querer me matar!
- Mas eu sou teu amigo, eu não deixo eles te matarem. Assim esse joguinho não termina nunca.
- Mas a gente estava falando dos 90 milhões de desempregados.
- Que desempregado! Não vai ter desempregado no nosso país.
- Como não?
- Ta na cara! Eles só são desempregados porque não querem trabalhar, o que faz com que eles deixem imediatamente de serem desempregados e passem a ser vagabundos. E não vão ser todos.
- Como é que você sabe que não vão?
- Essa é fácil. Religião. Pegue um desocupado e encha a cabeça dele de religião, cria logo umas três ou quatro para eles disputarem qual é a melhor. Além de obedientes, eles não vão pensar em fazer besteira.
- Será que não?
- Vai por mim, pra criar obedientes, a religião é melhor que o quartel. E quem não seguir uma religião qualquer nem for empregado só pode ser um marginal. E marginal, a ciência já provou que é um problema de nascença ou de código genético, área do cérebro, algo assim.
- Eu não sabia. Que ciência provou isso?
- A que a gente quiser. Afinal, quem é que vai pagar os cientistas?
* O texto não está na íntegra.

Deputados: eleitos para representar quem mesmo?

17/02/2005 15:48

Ele teve como principal promessa de campanha, aumentar o salário dos deputados e das verbas do gabinete. Você deve estar pensando: ‘quem votaria em um candidato desses?’ Com certeza, nenhuma eleição que contasse com o voto popular, mas sim dos próprios beneficiados que, ironicamente, foram eleitos por nós.

Severino Cavalcanti (PP-PE), o novo presidente da Câmara dos Deputados, confirmou que vai equiparar o salário dos deputados – atualmente em R$ 12,8 mil – ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de R$ 17,5 mil, podendo chegar a R$ 21,5 mil. Lembrando que este aumento pode ser realizado sem a aprovação dos demais deputados – não que eles fossem vetá-lo – basta o presidente da Câmara assinar um ato administrativo.

E tem muito mais: além do salário, cada deputado recebe R$ 35 mil como verba de gabinete para contratação de pessoal, quantia que Severino também planeja aumentar. Cada parlamentar pode contratar de 5 a 20 assessores, com o salário variando entre R$ 260,00 a R$ 5.200,00. Apesar de alguns serem concursados, grande parte é escolhida de acordo com os interesses exclusivos do deputado. (É comum empregar familiares, além de contratar funcionários e exigir uma porcentagem do salário).

Outro benefício é a verba indenizatória, no teto de R$ 15 mil mensais. Para aproveitá-la, basta o deputado apresentar notas fiscais. Caso não ‘consiga’ gastar essa quantia em um mês, a diferença fica como saldo para o mês seguinte. No site da Câmara dos Deputados, você tem acesso às despesas mensais desta verba.

Tamanha curiosidade minha, pesquisei sobre o novo presidente da Câmara. Eis o relatório de janeiro/05:
Aquisição de material de expediente: R$80,98
Combustíveis e lubrificantes (veículos automotores): R$ 8.008,05
Locomoção, hospedagem e alimentação: R$ 7.126,00
Total: R$ 15.215,03.

Calma, não fique tão indignado ainda, tem mais. Não inclua na verba indenizatória despesas com telefone e correio. Os deputados contam com R$ 4.278,55 mensais exclusivos para isso. Além do auxílio moradia de R$ 3 mil e quatro passagens por mês: Brasília – capital do Estado – Brasília.

É muito dinheiro, concordo. Mas o importante é ter tempo livre para desfrutar de tantos privilégios. Lógico que eles também cuidaram disso. São 90 dias de recesso por ano. Imagine você que trabalha cerca de 8h diárias de segunda a sexta-feira contar com pelo menos 30 dias? Uma realidade exclusiva de quem teve a sorte de ser registrado no trabalho, porque atualmente a maioria da população brasileira, se quiser tirar férias, é descontado na folha de pagamento ou tem de compensar as horas ausentes depois.

Ah... Não podia esquecer. Liguei na Câmara dos Deputados, lá em Brasília, perguntando qual era a carga horária de um parlamentar. Cristina, secretária do secretário geral da mesa, Sr. Mozart Viana de Paiva, respondeu que não existe. “É que às vezes têm sessão de manhã, à tarde, à noite”, justificou.

Só para encerrar, existem algumas propostas que aguardam aprovação da Câmara, para depois serem aprovadas pelo senado, para depois serem aprovados pelo Presidente da República. Um aumento maior do salário mínimo e a correção da tabela do imposto de renda, por exemplo. Mas dificilmente mudanças significativas serão realizadas, já que são poucos os recursos disponíveis nos cofres públicos. E adivinha quem decide o que é prioritário? Onde o dinheiro arrecadado através de impostos deve ser gasto? Os deputados.

Para quem não se contenta com o pouco oferecido por muitos

12/02/2005 15:25

O real intuito do jornalismo é servir à sociedade. Não defender interesses de uma minoria nem ceder às pressões do mercado. É ser fonte de informação para a população, para que esta saiba o que acontece em sua volta e reivindique seus direitos. Pena que a maioria dos veículos esqueceram para quem servem e usam sua embalagem oferecendo um conteúdo podre e com prazo de validade vencido.

Nadando contra a corrente está a Carta Capital. Com uma linguagem rica, clara e prazerosa, faz do jornalismo investigativo um diferencial. Não omite os detalhes, e sim os revela para um mundo conhecido por poucos. Cito a edição 238 como exemplo. Na editoria A Semana, artigo "Conservadorismo in extremis", Mino Carta não comunicou apenas sobre a debilidade da saúde do papa João Paulo II. Informou também como tem sido o direcionamento direitista e elitista de suas ações frente à Igreja Católica. Pergunto: quantos veículos se atreveram?

Outro exemplo, ainda na mesma página, sobre a propaganda política de César Maia, na qual o prefeito carioca e presidenciável governador anuncia o milagre para gerir o Brasil "de olho nos resultados das sondagens de opinião pelas quais só então forma a sua". Magestral. E ainda na mesma revista, um rei que não tem o poder político, mas enxerga o que uma elite torpe não consegue. Ah... também não poderia deixar de elogiar a escolha de uma foto que ilustrou a matéria, registrada por Alaor Filho, em que a Globeleza Valença dá o ritmo ao presidente Lula.

Por estes e outros motivos, tenho orgulho de ler a Carta Capital e expô-la sempre comigo, pois além de ser uma verdadeira fonte de informação, atrai olhares aprovadores daqueles que não se contentam com o pouco oferecido por tantos.

Carta Capital

28 abril 2005

Um ídolo vivo e no poder: amado pelo povo, odiado pela elite

03/02/2005 11:58

Ele é um exemplo vivo dos ensejos da esquerda, priorizando em seu governo na Venezuela a distribuição de renda, a reforma agrária, habitação e educação para a população e a não privatização das indústrias elétricas, de alumínio, da água e do petróleo. Resistiu a duas tentativas de golpe contra o seu governo promovidos pela petrocarcia oligárquica, grandes empresários e donos de estação de televisão, mas, com o apoio da maioria daquele país, que vinha amargando há anos governos elitistas que deixou cerca de 80% da população pobre, mantem-se no poder, desafiando os interesses de grande parte do mundo, em especial, os EUA.

Com essa explicação eu justificava a criação de uma comunidade chamada Hugo Chávez no Orkut. Com aquilo raramente funciona, não consegui. Pensei em escrever um artigo neste blog - o que o faço agora – para tentar informar aos meus amigos, um pouco do que este presidente está fazendo pela Venezuela.

Comecei a pesquisar muito na internet, gastei quase minha manhã inteira. Encontrei muita informação, mas também muita desinformação. A pior foi da Folha Online, descrevendo o que foi o golpe em abril de 2002 contra o governo na Venezuela. Um trecho: “A insatisfação contra Chávez cresceu devido ao seu estilo autoritário, à agenda de esquerda, ao fracasso no combate ao crime, à pobreza e à corrupção.”

Em compensação, encontrei sites fantásticos, pouco conhecidos, que os destaco no fim deste artigo. Apesar de conhecer a pouco interesse pela leitura de muitos dos meus amigos, insisto, leiam esses links. São esclarecedores. Como disse Hugo Chávez no Fórum Mundial Social deste ano: “O conhecimento é ciência como a água é para o arroz. Sem ele, somos um zero à esquerda. Ser cultos para ser livres, dizia Martin. E Bolívar foi claro nesse conhecimento”, referindo-se a Simon Bolívar e San Martin, ícones da integração latino-americana.

Por isso, o especial, o fantástico da realidade na Venezuela, está descrita nesses links abaixo. Sinceramente, acredito que não poderia fazê-lo melhor do que o primeiro da lista. Explica perfeitamente o por quê a elite tenta derrubar Chávez, o por quê ele está sendo tão apoiado pelo povo, o por quê de um chanceler venezuelano ter anunciado ontem (02/02) a preocupação com uma invasão norte-americana.

Adital
MST
Resistir
Espaço Acadêmico

Enquanto o petróleo for mais valioso do que a água

21/01/2005 13:05

De manhã, ao chegar no trabalho, tenho o hábito de antes de começar a labuta, ler os principais sites de notícias. Não ultimamente, me surpreendo com o mesmo pensamento: “Mais mortes no Iraque” e nem leio a matéria na íntegra. “Deve ser mais do mesmo”.

Hoje, resolvi analisar melhor o que acontece no Iraque. As eleições estão por vir – marcadas para 30 de janeiro – sendo parte do País favorável e outra não. Os xiitas, que representam 60% da população, são favoráveis, pois, teoricamente, conseguirão eleger um representante. Os sunitas, minoria neste País mas maioria entre os islâmicos no mundo – cerca de 90% - são contra e, segundo a mídia, responsáveis pelos atentados que têm sido realizados no Iraque.

Assim como com os cristãos, divididos entre católicos e protestantes, é essa divisão entre sunitas e xiitas. Estes acreditam que os descendentes familiares de Mahommed são os únicos que têm a chave para interpretar corretamente os ensinamentos do Islã (Deus). Na vertente oposta, os sunitas pregam que a autoridade espiritual pertence à comunidade como um todo.

Fica claro que os xiitas têm uma postura mais ‘radical’ e é aí que reside o problema. Especialistas apontam que após as eleições é que a situação no Iraque vai piorar. Que os xiitas já estão se posicionando para criar um regime no estilo do Irã, “com o estabelecimento do islamismo como religião oficial e a imposição gradativa da dura lei islâmica ao país de maioria secular”, segundo o jornalista norte-americano Stewart Powell.

Com tal pretensão, já se pode imaginar que rumos teria a segunda maior reserva de petróleo frente à ocupação norte-americana e possíveis aliados vizinhos... Se a situação no Iraque só tem se agravado, a tendência não é a melhora após as eleições... A nós, no Brasil, só resta agradecer por não vivenciamos essa tentativa dos EUA em libertar o povo daquela nação... Pelo menos enquanto o Petróleo for mais valioso do que a água.

Link interessante:
UOL

América Latina: Quintal dos EUA

18/01/2005 10:27

Duas notícias chamam a atenção. Uma publicada hoje, na Folha de São Paulo:
"Estimulada ou não pela troca de guarda no Departamento de Estado, a direita americana acordou para a América Latina e o Brasil. Ontem foi o colunista Jackson Diehl, do "Washington Post", que falou da urgência de dar atenção aos riscos para a democracia na região:
- Até as democracias fortes, como Brasil e Chile, se tornaram fracas: ambas têm presidentes esquerdistas que freqüentemente posam contra as políticas do presidente George W. Bush. No título do texto, "Problemas no nosso quintal".”

Outra é a crise diplomática entre a Venezuela e a Colômbia. De um lado Chávez, político nacionalista de esquerda e, conseqüentemente, anti-EUA. De outro, Uribe: centro-direita, pró-EUA e, como não poderia ser diferente, neoliberal. Dentre os dois, Rodrigo Granda, líder marxista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Granda foi capturado mês passado em território venezuelano enquanto participava do II Congresso Bolivariano dos Povos. A princípio, a Colômbia alegou que havia o prendido dentro de sua fronteira, mas fontes anônimas deste País admitiram que o seqüestraram com a ajuda dos Estados Unidos, o que vem a desrespeitar todas as normas internacionais.

As autoridades venezuelanas consideraram o incidente uma violação da sua soberania e resolveram romper as relações comerciais e diplomáticas com a Colômbia. Esta, por sua vez, alega que Chávez dá suporte a apoio às FARCs, o que ele vem desmentindo constantemente.
Mais informações:
Diário Vermelho
UOL

Trevo de Quatro Folhas

30/12/2004 09:36

Hoje em dia, descobrir um bom jornalista (qualidade com quantidade) é tão difícil quanto escolher um bom filme em uma locadora. E por mais que você peça ajuda para o atendente, este vai opinar algum lançamento hollywoodiano. Não que seja má vontade ou má intenção. Eles só estão a dançar conforme a música.

Escrevo esse artigo hoje para indicar uma jornalista que, sinceramente, é a minha cara (deveria escrever que sou a cara dela, pelo posto que ocupa como colunista da Caros Amigos e eu da Revista Mesc). Sem papas na língua. Linguagem clara e objetiva. Audaciosa. Realista. E, acreditem: ela nada contra a corrente.

Marilene Felinto. Eis o nome. Até então, só tive acesso aos seus artigos - maravilhosos diga-se de passagem - mas, assim que tiver um dinheirinho, vou atrás de todos os seus livros. Galera do bem, que gosta de lucidez e está cansado de ver tanta desinformação, leiam esta mulher.

Ao invés de ficar tecendo elogios (prefiro rasgando seda), vou citar alguns parágrafos para perceberem o por quê ela é pouco conhecida:

(...) Pois eu me orgulho de ter caído fora do establishment da imprensa paulista por me recusar a escrever o que o patrão manda. Não fui demitida da Folha de S. Paulo (como ainda me perguntam alguns leitores): pedi demissão. Saí no momento exato em que vieram impor o que eu deveria ou não deveria escrever. Não escrevo o que o patrão manda. Não nasci para marionete.

(...) Um conselho federal de jornalismo seria criado para coisa muito mais séria e importante: para combater a censura invisível exercida dentro das redações, que impede o cidadão de receber a informação justa, que, em palavras de Ignacio Ramonet, “cria uma espécie de tela. Uma tela opaca que oculta, que torna eventualmente mais difícil do que nunca, para o cidadão, a procura da informação justa.

(...) No chamado mapa da exclusão educacional brasileira, os nomes de Fernando Henrique Cardoso e Paulo Renato Souza, respectivamente ex-presidente e ex-ministro da Educação por uma década, deveriam aparecer estampados em letras góticas como os cartógrafos responsáveis pelo aprofundamento dos abismos, pelo agravamento das fendas que hoje definem o sistema educacional em duas bandas igualmente podres: o ensino público para ricos; o ensino privado para ricos.

(...) O rapaz em questão conseguiu há poucas semanas se inscrever para a seleção de bolsas, depois de mais um episódio de humilhação, depois de ir e vir diversas vezes atrás de documentos que nunca eram considerados os corretos. A estratégia é confundir e desinformar o aluno ao máximo, até vê-lo sucumbir na marola covarde da burocracia, até fazê-lo desistir do pedido.

(...) Cancelar serviços, reduzir drasticamente o uso deles, sobretudo o desperdício de dinheiro gasto com a assinatura do jornalão diário e mentiroso, da revistona semanal feita para o senso comum e abestalhado ler (e achar que é culto e instruído por isso).

Poderia citar muitas outras citações, mas o texto já está longo e, como todos sabemos, muita gente tem preguiça de ler... Se vvocê chegou até aqui, primeiro parabéns! Segundo: espero que a Marilene tenha te conquistado. Não pelo sorriso da foto acima, mas pelo conteúdo. Para ler na íntegra suas colunas, é só acessar o site da Caros Amigos. Elas estão na íntegra (ainda bem que lá não reina o aspecto mercadológico).

Vetado o Conselho Federal de Jornalismo

17/12/2004 12:12

O projeto de lei, que propunha a criação de um Conselho Federal de Jornalismo foi rejeitado pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira (15). Dentre as principais justificativas, alegaram a intenção do governo federal em controlar o que viria ou não a ser publicado.

Apesar de eu já ter um posicionamento frente a esta questão, vou apenas apontar algumas informações, indicar alguns links, para que vocês mesmos concluam o que viria a ser melhor para a nossa profissão.

Este projeto de lei foi proposto pela Federação Nacional dos Jornalistas e sindicatos da categoria de todo o País.

O projeto não foi de autoria do presidente Lula, ele apenas o encaminhou a votação a pedido das classes citadas acima.

O projeto havia sido entregue ao então presidente Fernando Henrique Cardoso que, como todos sabemos, sempre zelou pelos interesses dos donos dos veículos de comunicação e, portanto, arquivou-o em alguma gaveta.

Este projeto foi vetado por um parlamento composto em grande parte por proprietários de veículos de comunicação. Segundo Cleber Ismínio, do sindicato de jornalistas de São Paulo, foi realizado um levantamento, apontando que de cada cinco deputados, um é empresário desta área.

Agora, com o veto na Assembléia, o Fenaj e os sindicatos estão elaborando um novo projeto a ser apresentado, além de estarem articulando meios de não deixar a notícia esfriar na mídia. (Esta tarefa será difícil, basta vocês perceberam a ausência do fato em destaque nos meios de comunicação).

É válido destacar que o arquivamento do projeto foi uma condição imposta por vários partidos, principalmente dos de oposição, para que as votações na câmara prosseguissem.

Links para mais informações:
Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo
Diário Vermelho
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Câmara dos Deputados