Globalização: a lei em que os mais fortes sobrevivem
24/03/2005 10:53
Ontem assisti a uma matéria no Jornal da Globo que me deixou impressionada. Tratava-se sobre a migração de maranhenses para o norte do Mato Grosso em busca de trabalho.
Essa matéria retratou vários aspectos deficientes da nossa sociedade. O mais gritante: essas pessoas que saíram de suas casas em busca de uma oportunidade em outro Estado são agricultores, pessoas humildes, que não estudaram e, por tanto, são chamados de mão de obra não-especializada.
Acontece que no ano passado, a Globo divulgou uma matéria mostrando que esta região do Mato Grosso era o novo pólo de oportunidades de emprego. Inclusive, este contexto foi apresentado na matéria de ontem, com entrevistados comemorando o fato de estarem ganhando entre oito e dez mil reais (um vendedor de trator e um médico foram os exemplos).
A realidade desta região é o agronegócio. Grandes produções, necessidade de mão de obra especializada, pouca oferta de emprego. Eis o que tantos agricultores se deparam ao desembarcarem em cidades como Lucas do Rio Verde e Sorriso.
É uma triste realidade que reina em quase todo o mundo. Primeiro que, apesar da crescente das exportações, isso não resulta no aumento das oportunidades de emprego. Na competitividade dos preços internacionais, vence aqueles que investem em maquinário e tecnologia. Por isso o incentivo ao agronegócio.
Agora imaginem esta realidade no Brasil. O número de desempregados em uma crescente. Esses maranhenses, para terem preferido saírem das suas casas, de perto das suas famílias, não foi para trocar seis por meia dúzia. Foi em busca de alguma mínima oportunidade. “Vim para conseguir ganhar dinheiro e dar a oportunidade aos meus filhos de estudarem”, afirmou um dos migrantes.
O que acontece nestas cidades pode ser sentido em outros lugares. A migração interna, dentro do Brasil, à procura de oportunidades, é uma realidade. A capital paulista recebe diariamente um universo de pessoas que ainda buscam oportunidades aqui. Chegam, ficam em albergues – isso quando há vagas – ou pernoitam na rodoviária até conseguirem juntar dinheiro para a compra de uma passagem para outro lugar.
Isso é o que está acontecendo no norte do Mato Grosso também. A reportagem mostrou, apesar que de forma maquiada, um absurdo. A prefeitura interditou um albergue que alojava esses migrantes enquanto não encontravam emprego. Motivo: falta de higiene. Isso é motivo??? Melhor deixa-los então na rua do que gastar um pouquinho para melhorar o lugar?
Lógico que não fariam isso. Não é do interesse deles que essas pessoas fiquem. Eles querem que vão embora. Pra onde não lhes interessa, de preferência para casa, mesmo que estejam passando fome. Inclusive, a prefeitura está pagando a passagem do retorno para casa.
Ai fica a questão. A realidade é essa. Essas pessoas estão em busca de emprego, de oportunidade, de conseguirem viver sem passar fome. Não são vagabundos, desocupados, desordeiros... Acontece que a agricultura de subsistência não rende, não dá lucro, e não tem como competir com o agronegócio. Quem puder associar esta realidade aos que integram o MST, parabéns. Nossa elite burra se conseguir entender a importância da reforma agrária, milagre. Ou eles deveriam ficar no conformismo. Nasceram pobres e morrerão de fome. Melhor porque assim diminui o número de desempregados, a violência e melhora os índices brasileiros.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home