O Primeiro Contra Mare

Este é o primeiro blog da minha autoria www.fotolog.terra.com.br/contramare, o qual perdi o acesso. Atualmente estou em novo endereço:www.contramare2.blogspot.com

29 abril 2005

Um Capitalismo mais Humano ou um Socialismo mais de Mercado

11/04/2005 15:21

Escrevo hoje para indicar a leitura de um artigo: “Um capitalismo mais humano?” de Antônio Inácio Andrioli, doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück – Alemanha.

Eis que a Alemanha é a terceira maior potência do mundo. É um exemplo do sistema liberal de economia – mínima intervenção do Estado frente ao mercado. Quando intercede, é com medidas pró-empresariais – um país que serve de modelo para os preceitos capitalistas e que retrata os prós e contras.

É inegável o avanço da tecnologia, da qualidade de vida, das descobertas da ciência. Nem cogito como seria nossa vida sem tais conquistas. Porém, cabe aqui a reflexão: qual é o preço que pagamos por esses avanços? A resposta está neste artigo, mas eis que adianto algumas partes:

“Na Alemanha atual, com o aumento da taxa de lucros contrastando com o aumento do desemprego e da pobreza, vários políticos estão indo para a ofensiva apelando para uma “responsabilidade social e moral” das empresas. O apelo vai no sentido de que empresas que apresentam um extraordinário crescimento na taxa de lucros devam investir na geração de novos empregos.”

“O aumento na taxa de lucro do conjunto das empresas alemãs em 2004 foi na ordem de 10,7%, havendo casos extremos onde o crescimento atingiu 70%, enquanto os salários brutos dos trabalhadores alemães atingiram um crescimento de 0,1% no mesmo período.”

“O Estado foi diminuído e os trabalhadores estão se submetendo a trabalhar mais tempo sem receber uma proporcional remuneração para isso. O desemprego, afinal de contas, sequer é um problema para estes capitalistas, pois, havendo maior oferta de trabalhadores, maior será a pressão para baixar salários.”

Eis minhas reflexões: esses dias, vi adentrar no ônibus um garoto carregando uma caixa de engraxar sapatos. Meu pai, em sua infância, trabalhou assim para ajudar seus pais e os oito irmãos. Cresceu, estudou apesar de não ter diploma superior, tem sua casa, duas famílias... Constituiu vida. Será que esse garoto terá as mesmas oportunidades? Se em um momento ele hesitar, desistir e optar pelo roubo, tráfico, ou algo parecido... A culpa é dele ou da sociedade?

Eu, recém formada – graças à brecha conquistada com a bolsa de estudos resultante da atuação esportiva em instituição privada – que trabalho além das oito horas diárias, sem carteira profissional, férias ou 13º salário, ganhando o triplo do que o salário mínimo mas ainda tenho de aceitar a oportunidade de um segundo emprego para tentar costurar meu pé de meia. Que estou cursando pós-graduação graças à rara mentalidade de um chefe que considera importante a especialização de um funcionário. Indago: tenho futuro? Estarei desempregada daqui a alguns meses? Conseguirei comprar uma casa? Terei o privilégio, algum dia, em ter férias sem ser descontada na folha de pagamento?

O que pensar daqueles bem menos privilegiados do que eu - maioria no mundo - e que nem sabe direito o que é educação, família, habitação, saúde, comida... Será que alguém ainda acredita que na cadeia estão os maus e que no poder estão os bons?